Faaaaaaaaaaalha,
galhera! (Bruno de Lucca feelings). Hoje tem mais um “MP7”! Garanto que vai ser
tão legal – ou mais – que os outros. Já que esse vem com DUAS músicas em cada um dos postos! Seria um “MP14”? O que
vos escreve estaria maluco? Estaria o autor que vos escreve bêbado e vendo em dobro? Seria o fim do
mundo? Não! Hoje nós falaremos sobre músicas covers – que consiste na regravação de uma música já existente. Os covers geralmente são feitos ao vivo,
quando as músicas já estão na setlist do show, ou de supetão atendendo aos
pedidos delirantes do público como se vê em algumas apresentações.
Desde
que a música é música existe quem faça releituras de canções previamente
gravadas. Umas ficam extremamente vergonhosas, como falarei num futuro post.
Mas outras ficam tão famosas que ocultam totalmente a autoria original. E é
sobre estes bons covers que nós vamos
falar no post de hoje. Como de costume, no Curta Música apresentamos as músicas, depois os
comentários. Sem mais demoras, soltemos a playlist!
Música 1: Pearl
Jam – Last Kiss
Original, com Wayne Cochran:
Cover:
Começaremos
muito bem o MP7 de hoje. Com Pearl Jam, uma das minhas bandas favoritas de
sempre. E com a versão de uma música que “engana” quem ouve tanto a original
quanto a cover. As duas tem melodias
alegres, mas mascaram uma letra triste sobre um acontecimento real: um acidente
de carro com 3 vítimas fatais (falarei em outro MP7 sobre, não fiquem aflitos
^^). A verdade é que essa música é datada de 1962, composta e cantada por Wayne
Cochran, um cara muito peculiar, tanto pelo jeito de se vestir quanto pelo seu algodão
doce belíssimo cabelo. Não alcançou o sucesso esperado, muito embora a
letra chamasse muita atenção. Mas a letra e a possibilidade de repaginar a
melodia ficaram.
Dentre
as várias versões que esta música teve duas se destacaram: a de J. Frank Wilson
e a do Pearl Jam. A primeira ainda com uma melodia mais alegre, a outra com uma
melodia calma, mas com os vocais potentes e sofridos de Eddie Vedder. Era o que
a música precisava para fazer sucesso nas paradas. A entrega de Eddie é
notável, já que letras significativas sobre histórias tristes sempre fizeram parte da
história da banda. A identificação foi tanta que, se você já ouviu essa música
na voz dos garotos de Seattle, nem lhe passava pela cabeça que ela é mais velha
que seu pai. Ou passava? Sei lá! Vamos para a próxima. Kkkkkk’
Música 2: Nirvana – The Man Who Sold
the World
Original, com David
Bowie:
Cover:
Esse
segundo cover também é de uma banda
que eu gosto bastante, mas certamente é uma das discussões sobre covers mais longa: os fãs incorruptíveis
de David Bowie, criador do Ziggy Stardust, contra os fiéis seguidores do mito
Kurt Cobain. Tenho de admitir: ambas as versões são boas, mas a de Cobain tem
algo a mais. Ou a menos. E não é conversa fiada de quem gosta da banda. O
Nirvana conseguiu “limpar” a música. Acho que é justificável pelo cover ter sido gravado no MTV Unplugged, em 1993. Ao vivo (um dos
fortes da banda de Seattle) e com uma pureza de som invejável.
Pequenas
coisas são o diferencial entre as duas. Uma delas é Cobain deixar o violão soar
um pouquinho de tempo a mais antes de começar a cantar em relação a Bowie.
Poucos décimos de segundo que valorizam a voz e o instrumento, sem que um tome
o lugar do outro. Grande sacada. A percussão (mais precisamente a batida dos
pratos e o barulhinho que lembra alguém mordendo uma bola de encher) da versão
de David não acontece na versão do Nirvana, onde a voz de Kurt (que não se
esforça para alcançar os tons presentes na música) e o violão são destaque. A
bateria só acompanha a levada suave da versão.
Motivos
esses que fizeram com que o autor da música original, lançada em 1973 e que deu
nome a um dos seus álbuns, ficasse mais distante e ofuscado da sua cria.
Tanto que Bowie, segundo palavras próprias, ele encontrava "crianças que vinham mais tarde dizendo: Legal que você ter cantado uma música do Nirvana. E quando isso
acontecia, eu pensava comigo mesmo: 'Vão se fuder, seus pequenos perturbadores!
'".
Depois
que até a parte mais envolvida na causa fala isso, fica difícil ela não entrar
no MP7 de hoje.
Música 3: The
Beatles – Please, Mr. Postman
Original, com The Marvelettes:
Cover:
Essa
é um dos clássicos da música americana. A versão original é datada de 1961 e é
cantada pelo conjunto feminino The Marvelettes. O grupo vocal fez grande
sucesso na época com a música, figurando no topo da Billboard Hot 100, deixando
a Motown Records, gravadora do grupo, bastante orgulhosa, já que foi a primeira
música lançada com o selo Motown que atingiu o posto de mais vendida no período
de uma semana.
Tamanho
sucesso fez os olhos de John Lennon e seus colegas brilharem. E não demorou
muito pra que a música, que fala sobre o desespero de uma garota querendo saber
notícias do namorado que foi para a guerra, teve o gênero do eu - lírico
trocado para um homem desesperado por notícias de sua garota - fosse regravada. Dois anos depois
de a primeira versão ter sido lançada, o quarteto de Liverpool lançou a sua, numa época em que era comum cantores regravarem músicas alheias em um período curto de tempo entre as duas versões. É
bem verdade que na melodia ambas as músicas não se diferem muito, mas pelo peso
histórico que os Beatles tem, a autoria original da canção ficou mais oculta.
Coube ao Curta Música colocá-la aqui para vocês como a terceira música do MP7.
PS – Menção honrosíssima a
versão de “Please Mr. Postman” gravada pelo The Carpenters. Como só podia uma aqui, preferi os Beatles, que se encaixou mais com o tema.
Música 4: The
White Stripes – I Just Don’t Know What to Do With Myself
Original, com Tommy
Hunt:
Cover:
Mais
uma música de 1962 no nosso MP7. Quem vê a Kate Moss balançando o esqueleto (sem
trocadilhos) no mastro do clipe
preto e branco dos White Stripes, nem deve atentar para o fato de a música ser
bem mais antiga que Kate, ou até que os “irmãos” Meg e Jack White. Tommy Hunt
gravou com a característica marcante dos músicos solo da época, onde a bela voz
se destacava mais que o arranjo musical. Mais uma daquelas músicas que se
evidencia o desespero pelo término de um relacionamento, no meio dos planos e
das expectativas acerca do futuro (falei bonito agora ^^). Outras vozes
cantaram essa mesma dor de amor, como Dionne Warwick, Isaac Hayes e até Cameron
Diaz, no filme “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, numa versão não muito
audível, mas bem engraçada (levantei a bola pra Mari falar sobre hehehe).
Mas a mais recente e a que também parece ter se apropriado da autoria tamanho o
sucesso foi a do casal White.
Como
bom produtor musical e muito preocupado com a melodia e com o ritmo de suas
composições ou covers, Jack conseguiu
fazer um arranjo para a música de forma a aumentar o sofrimento da letra sem
que a melodia soasse brega ou antiga demais. Numa releitura bem atual, com as
tradicionais guitarras distorcidas e os vocais choramingantes de Jack, a
dupla ganha um lugarzinho no MP7 de hoje.
Música 5: Sinéad
O’Connor – Nothing Compares 2 U
Original, com The Family:
Cover:
Composta
pelo excêntrico músico Prince em 1985, “Nothing Compares 2 U” foi entregue para
a banda The Family incluir em seu repertório, sendo outra música que fala sobre
finais tristes de relacionamentos. Atingiu algum sucesso, mas nada comparado ao
que a versão da polêmica irlandesa Sinéad O’Connor conseguiu alcançar em 1990. Prêmios,
reconhecimento mundial e o topo das paradas foram o resultado desse cover que é
o maior hit da cantora. O clipe foi gravado em Paris e tem a maior parte do
vídeo num cenário de fundo negro cantando com a sua tradicional cabeça raspada
em foco no plano, efeito bastante parecido com o usado no clipe da música “Cold
War” da cantora Janelle Monáe 20 anos mais tarde. E é assim: de influências em
influências, que o MP7 de hoje vai ficando preenchido de ótimas músicas.
Música 6: Caetano Veloso - Sozinho
Original, com Peninha:
Cover:
Tava
sentindo falta de uma música nacional por aqui. E escolhi uma de um dos maiores
compositores da nossa Pátria Amada: Peninha. E a versão
interpretada por um dos cantores historicamente mais representativos do cenário
tupiniquim: Caetano Veloso. Com centenas de músicas compostas e imortalizadas
nas vozes de vários artistas, Peninha resolveu gravar esta música com sua
própria voz em 1997, um ano depois de Sandra de Sá gravá-la, numa história bem
parecida com a da produção acima.
Baseada
numa conversa que o músico escutou entre a sua filha e o namorado dela, os
versos se encaixaram de maneira belíssima e a canção estava pronta pra ser um
hit. Coube a Caê cumprir esta missão, gravando mais uma música de Peninha em
1999. Sucesso absoluto e que relegou o compositor a passar pela mesma situação
inusitada de David Bowie. Esta é a sexta música de hoje.
Música 7: Lenny Kravitz – American Woman
Original, com The Guess
Who
Cover:
Pra
encerrar mais um MP7 eu trago essa versão de Lenny Kravitz que ficou bem mais
famosa que a original, ainda que gravada com uma defasagem de 28 anos entre
ambas. A banda de rock The Guess Who emplacou esta música no pódio dos seus
hits ao lado de “These Eyes” e “Share the Land”. Pegou as influências do rock
60’ e transportou para os anos 70, colhendo na primeira metade desta década os
frutos do trabalho árduo executado no final da década anterior.
Em
1998, já com 9 anos de carreira, Lenny regravou a música e lançou em seu quinto
álbum de estúdio intitulado “5” (criatividade reinou aí). Através desta
canção, Lenny faturou o seu segundo dos 4 prêmios Grammy que ganhou na
carreira, todos em sequência (de 1998 a 2001) na categoria “Best Male Rock
Vocal Performance”. Como a categoria diz “American Woman” não foge muito da
proposta do rock, mas consegue se afastar, e muito, da proposta “metal farofa”
dos cantores originais.
E
aqui termina mais um MP7, moçada bonita! Foi longo, mas foi gostoso. Se você
gostou do post de hoje, curta, compartilhe, comente, espalhe pra namorada ou
namorado, pra sogra... Enfim. Lembrando que você pode enviar a sua sugestão de
MP7 para curta.musica@gmail.com.
Quem sabe ela não aparece por aqui? Essa é a essência da música: variar,
misturar, inovar e renovar. Mas nem sempre é assim. Falarei disso numa próxima oportunidade. Até lá!
Musiquem-se!
0 comentários:
Postar um comentário